letra
Vivência no Morro
Monarco
Vou contar pra vocês
Minha vivência no morro
Já morei na favela
Morei no Salgueiro
E lá no Preto Forro
Lá no Morro do Pinto
Confesso não minto
Também fui feliz
Me mudei pra Mangueira
Fui pra Cachoeira
Depois fui morar na Matriz
Agora eu falo da minha infância querida
Saudade do meu Cavalcanti
Meus primeiros passos na vida
Foi bela minha trajetória
Saudade do meu Tuiuti
Minha presença é notória no Andaraí
Relembrando a planície
Já morei na Portela
Conheci Doralice, Niete, Eunice
Nozinho e Norela
Minha Nova Iguaçu
De Loloti e Bilu
Circulei pelas áreas da ruas brejeiras de Cabuçu
E aos velhos amigos
Um abraço de fé
Se sentirem saudade
Me procurem lá no Jacaré
Chuva
Paulinho da Viola
Começou bem cedo aquela chuva
Sem fazer ruído e me doendo
Como se saudasse
O inverno no meu coração
Como se soubesse
O quanto eu estava sofrendo
Suportei na hora o meu maior tormento
Até silenciar com resignação
Esperando o sol que não apareceu
Sufocando os prantos da desilusão
Chuva
Pode cair à vontade
Eu já não sinto saudade
A solidão terminou
São apenas lembranças de um tempo
Tão distante
Trazidas pela nostalgia
Que nesta manhã
Você me despertou
Dona Maria do Babado
Darcy Maravilha, Hilcemara e Rodrigo Rosado
Eu sou Dona Marida do Babado
Eu não quero ver ninguém parado
(é do babado, é do babado)
Faço samba no pé eu sou faceira
Não tô de brincadeira
Canto samba de roda a noite inteira
Quando eu chego no pedaço
Eu levanto a poeira
O meu samba é de primeira
Eu não marco bobeira
E você que tá sambando e não deixa cair
Bate, bate, bate palma aí
Bate palma, bate palma
Bate palma aí
Bate palma, bate palma
Quero ver você se divertir
Bate palma, bate palma
Bate palma aí
Bate palma, bate palma
Quero ver você se divertir
Foi numa casa de samba
Terreno de bamba que eu me criei
Pandeiro, cavaco e viola
Fazendo pagode cantei e dancei
O samba de roda é maneiro
Fazendo batuque na palma da mão
É mistura brasileira
Eu canto com raça, amor e paixão
Oloan
Wilson Moreira
Ossân, Ossân, Oguirê, Oguirê
Toda iluminação de Ôrún
Oloan, Odu, Toda iluminação de Ôrún
Oloan, Odu
Eu vou pedir licença
E vou ao mar
A claridade do dia vai me iluminar, Ô Ô Ô
Me banhar, vou mergulhar nas águas
Me purificar no fundo do oceano
Os caprichos de Janaína
A pureza do mar
Oh Mãe Rainha Iemanjá
Os caprichos de Janaína
A pureza do mar
Oh Mãe Rainha Iemanjá
Não Vou Me Iludir
Álvaro Maciel e Wanderley Monteiro
Sei que posso suportar
E essa dor pode ate passar
Mas eu não vou me iludir
Ser feliz é impossível
Um grande amor
Quando vai não vai à toa assim
Sem deixar uma ferida
Um vazio ruim
Sem deixar uma ferida
Um vazio ruim
Como posso ser feliz?
Se nem a dor passou
Como posso ser feliz?
Se o corte não cicatrizou
Ai ai meu Deus
E esse tempo que não passa?
Ai meu Deus
Sufoca que nem fumaça
E coloca uma mordaça
Calando meu coração
Ai meu Deus
Nem um passeio na praça
Ai meu Deus
Nem um porre e cachaça
Me devolve aquela graça
Que eu tinha no coração
Raiz e Flor
Jorge Aragão e Sombrinha
Por mais que essa dor possa durar
É preciso amar pra se recompor
De um amor afinal nunca foi em vão
Reabrir o coração
Se a ternura se escondeu
Nas entranhas da magoa, é sinal que valeu
Só não entendi a falsa dor
Eu defendi você deixou
Amou, amei, mas omitiu
Se eu me aninhei, você pediu
E o amor se fez raiz e flor
Caçou, sangrei, durmi, sonhou
Só falta crer que alguém forçou
Essa noite anterior
Mas a sua maldade foi não ter me calado
Quando eu disse as verdades
E você ao meu lado
Siga assim, aonde for
Sem pensar em mim
Anjo da Velha Guarda
Moacyr Luz e Aldir Blanc
O terno branco parece prata
E a fita em meu peito diz que eu sou
Daqueles que vão pra Maracangalha
Rever Anália, eu vou
No vento que leva o chapéu de palha
Também sou de fibra e pau-brasil
O samba é tudo que eu sei
E Momo é o único rei que amei
Sou a sétima corda e passo devagarinho
Com rodouro no coração
Meu nome em letras de ouro
É parte do tesouro de qualquer agremiação
De cuíca eu manjo
Também vou de banjo
Fiz das avenidas meu salão...
Fidalguia esbanjo
E danço com meu anjo
Eu sou da velha guarda, meu irmão
Se O Caminho É Meu (com Dona Ivone Lara)
Paulinho Mocidade e Berinjela
Se o caminho é meu
Deixa eu caminhar deixa eu
Se o caminho é meu deixa eu caminhar
Se o caminho for de pedras sou eu que vou tropeçar
Se o caminho for de agruras eu que vou me amargurar
Se o caminho for de espinhos sou que vou me espetar
Se o caminho for de rosas eu que vou me perfumar
Se o caminho é meu
Deixa eu caminhar deixa eu
Se o caminho é meu deixa eu caminhar
Já que o caminho e traçado idealizado eu terei que seguir
Mesmo encontrando influências só ter paciência eu vou conseguir
E nos meus sonhos da vida contemplo a esperança de um dia sorrir
Sei que é meu caminho embora sozinho eu terei que seguir
Verde Bandeira
Marquinhos de Osvaldo Cruz e Luiz Carlos Máximo
Sim, tenho raiz, primeira dama ou Imperatriz
Sou popular, podem tentar me podar,
Podem tentar derrubar,
Fortalecida eu vou nascer de novo.
Saudosa jaqueira da Portela,
Velha companheira, guardiã,
Sou anfitriã da batucada e gurufins,
Bela amendoeira do pagode em botequins.
Eu sou de Carvalho, sou jequitibá
Ninho de bamba, gongá e altar,
Corre por todo o meu caule o samba verdadeiro.
Quando coqueiro inspirei o Ari,
Ramifiquei poesia em oiti,
Folha pautada em linha versada,
Sou Verde Bandeira.
Sim, tenho raiz…
Semente, embrião de um novo samba
Derrama o orvalho de emoção,
Letra, melodia, o acorde, a canção,
Fé e testemunho o poder da criação
E tanta tristeza também já rolou,
Sangue e chibata meu tronco marcou,
Mas renasci quando vi florescer os palmares.
Sou a mangueira que dá Jamelão,
Tamarineira já fiz tradição,
Sombra e trincheira da arte guerreira
Meu fruto é o samba,
Sim, tenho raiz…
Noite de Esplendor
Jair do Cavaquinho
Foi numa Escola de Samba
Que te conheci sambando
Numa noite de esplendor
Desprovida de vaidade
Buscavas a felicidade
No meio de gente de cor
Na tua simplicidade
Deixavas a mocidade
Boquiaberta de emoção
Por todos foste escolhida
Para brilhar na avenida
Como figura atração
Representando alegria
A beleza e a poesia
Corpo e alma de uma raça
Vibrante por natureza
Com dedicação e grandeza
Na conquista de mais uma taça
Realmente és popular, és figura singular
Estrela que irradia
Foi em teu louvor
Que escrevi esta melodia
Raiz dos Nossos Quintais
Mauro Diniz, Carlinhos Marreta e Alexandre Andrade
Bom sambista não se abate,
Bate na palma da mão
Para aqueles que tentam impedir
Essa forma do povo sorrir,
Essa luz, essa paz,
Só o samba traz,
Sobrevive a raiz dos nossos quintais
Muito sambistas partiram
Deixando obras imortais,
Mestres com simplicidade,
Fizeram sambas de verdade,
Muitos versos que deixam saudade,
Poesia em forma de canção
Eterniza a voz do coração
E emoção em meu peito se faz
Relembro bons carnavais,
Da inspiração veio a nossa raiz,
Com samba bem mais feliz
Mais feliz é renascer, cantar
Neste mar que é nossa diretriz
Pelos 4 cantos ecoar pelo ar, pelo chão
E assim eu posso imaginar
Que o horizonte fica logo ali,
É a minha fonte para sonhar sorrir
Se O Caminho É Meu (com Dona Ivone Lara)
Wilson Moreira e Candeia
Me alucina
Este amor que é proibido
Mas eu estou convencido
Que jamis esquecerei de ti
Triste sina de quem ama assim
Porque sei que também gosta de mim
Vida ruim
Porque procuro
Esconder meus sentimentos
Durmo, sonho e amanheço
E acordo só pensando em ti
Nosso amor
Está na luz que ilumina
Os olhos meus
E dentro dos olhos teus
Qual a obsessão
Ou qual a sombra
Que acompanha o meu corpo
Sempre envolvo paixão
Verdadeiro afeto me fascina
Uma corrente de amor
Que domina
Laraia, laraia, laraia
Lá, laiá, lá, lá
Lará, lara, lara
Se O Caminho É Meu (com Dona Ivone Lara)
Zeca Pagodinho, Arlindinho e Ratinho
Meu amor se fosse assim
Bem calmo e mais sereno
Seria bem melhor pra mim
Um sorriso mais ameno
Nosso amor está pequeno
Cada vez mais dispersivo
O ciúme é o veneno
Não se encontra lenitivo
Se entre nós houvesse a paz dos bons casais
Sem receios, sem conflitos
Acredito que haveria mais amor
Sem nossos gritos tão aflitos de pavor
Mais calor na relação, mais desejo de viver,
mais pureza, mais prazer,
mais amor, mais união
Mas não deu...Termina aqui (eu vou partir)
Mas não deu...Termina aqui (e vamos dividir)
Bravas Mulheres
Paulo Cesar Feital e Clarisse Grova
Chora amor, descansa e chora no meu colo amor,
No quarto ao lado dormem as meninas,
E o teu silêncio é ensurdecedor
Meu amor, não desespere amor,
Que o desalento é passageiro amor,
Abre teu peito, incendeia e grita
E se engravida de vida e calor
Coram Carlos e Josés, nos viadutos, bares, praças e bordéis,
São bóias frias, operários, bacharéis,
Que à noite voltam envergonhados
E Marias, Severinas, Zicas
Choram borras de café, misturam ao leite,
Servem seios de mulher,
Fazem do ventre berço, altar e cabaré
E ainda velam o choro aflito da nação
Chora, meu homem entra em mim, desagua e chora,
Chora, pois eu sou brasileira, parideira, a matriz da pátria
Meu senhor, esse meu homem é trabalhador,
Não tem as mão suaves de pelica,
São feitas de argamassa e suor
Tem cuidado moço por favor,
Governo a casa, não governo a dor,
Fabrico a pátria dentro da barriga,
Por isso cuida dos meus com amor