letra
Samba do Irajá
Nei Lopes
Tenho impressa no meu rosto
E no peito, no lado oposto ao direito, uma saudade
(que saudade)
Sensação de na verdade
Não ter sido nem metade
Daquilo que você sonhou
(que sonhou)
São caminhos, são esquemas
Descaminhos e problemas
Ë o rochedo contra o mar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
Saudade
Veio à sombra da mangueira
Sentou na espreguiçadeira
E pegou no violão
Cantou a moda do caranguejo
Me estendeu a mão prum beijo
E me deu opinião
(opinião, opinião)
Depois tomou um gole de abrideira
Foi sumindo na poeira
Para nunca mais voltar
É isso aí, ê Irajá
Meu samba é a única coisa que eu posso te dar
Violão Vadio
Baden Powell e Paulo César Pinheiro
Novamente juntos eu e o violão
Vagando devagar, por vagar
Cantando uma canção qualquer, só por cantar
Mercê da solidão
Vadiando em vão por aí
Nós vamos seguir,
Outra rua, outro bar, outro amigo, outra mão
Qualquer companheira, qualquer direção
Até chegar em qualquer lugar
Qualquer que seja a morte a esperar
Jamais meu violão me abandonará
Se eu vivi, foi inútil viver
Já mais nada me resta saber
Quero ouvir meu violão gemer
Até me serenizar
Zuela de Oxum
Moacyr Luz e Martinho da Vila
Me veio a mente um som
Não identifiquei não
Peguei meu violão
E comecei a dedilhar
Então eu me toquei
Que o som, canção tão bela
Lembrava uma zuela
Que alguém vivia a zuelar
Parei de dedilhar
Pois as minhas mãos tremeram
Difícil confessar
Promessas não poder pagar
Então eu me curvei
Bati cabeça a Oxalá
Pra aquela que se foi
Jurei jamais alguém amear
E tenho um novo amor
Que é uma filha de obá
E aquela canção
Era zuela de Oxum
Ora ei ei eiô
Valei-me meu pai Olorum
O que é que eu vou fazer
Pedi malei aos Orixás
Iemanjá, Ogum, Pai Xangô, Iansã
Orumilá, Oxossi, Nanã e Xapanã
Notável Amiga
Luiz Carlos da Vila
Quando souberam que eu estava remando
Contra a mare neste mar de má situação
Ofereceram tanto por minha viola
E eu sem pestanejar, bradei não!
Da velha viola eu não vou abrir mão
Velha viola fiel guardiã dos segredos meus
Oh! Companheira dos sonhos
Que só para mim contei
É quem entende de fato meu interior
Somos o casal perfeito
Que o poeta vislumbrou
É a notável amiga
Que jamais se queixou, não
Mesmo quando abandonei seus acordes na solidão
Mesmo que ouro ofereçam
Não vão me encher a cabeça
Pois de você eu não abro mão
Seja Sambista Também
Arlindo Cruz e Sombrinha
Não, negligência, não se for apanhar meu violão
Cuide dele com carinho, toque nas cordas macio
E tente cantar samba
Sei que o início, até pode ser difícil
Mas fazendo um sacrifício, será bem recompensado
Pois o samba marca como um giz, é eterno porque é raiz
Pois o samba marca como um giz, é eterno porque é raiz
Não quero dizer que viver é só sambar, mas sambar é viver, é saber se encontrar
Só o samba faz, a tristeza se acabar
Só o samba é capaz, deste povo alegrar
Ser sambista é ver, com os olhos do coração
Ser sambista é crer, que existe uma solução
É a certeza de ter, escolhido o que convém
É se engrandecer e sem menosprezar ninguém
Aconselho a você que seja sambista também
Aconselho a você que seja sambista também
Meu Violão, Meu Veleiro
Cláudio Jorge e Ivan Wrigg
A maré é que comprova a força do remador
Mas é ele quem decide se vai contra ou a favor
Pescador que joga a rede sem ter jeito pra pescar
Vai passar a vida inteira sem trazer nada do mar
O remador que se preza
Domina a maré e ancora na praia
O pescador joga a rede
Se o peixe é grande não foge da raia
Eu levo a vida tocando
O meu violão que é o meu veleiro
E é quem me leva pros mares do Samba
Com ele do lado encaro o mundo inteiro
Meu violão, meu parceiro
Quando mais preciso me dá seu carinho
Meu coração, companheiro
Só por sua causa eu nunca estou sozinho
Sendo a vida um mar
Que é calmaria e também vendaval
Você é meu barco, meu porto, meu leme
É a terra firme neste temporal
Tudo Se Transformou
Paulinho da Viola
Ah, meu samba
Tudo se transformou
Nem as cordas
Do meu pinho
Podem mais amenizar a dor
Onde havia a luz do sol
Uma nuvem se formou
Onde havia uma alegria para mim
Outra nuvem carregou
A razão desta tristeza
É saber que o nosso amor passou
Violão, até um dia
Quando houver mais alegria
Eu procuro por você
Cansei de derramar
Inutilmente em tuas cordas
As desilusões deste meu viver
Ela declarou recentemente
Que ao meu lado não tem mais prazer
De Qualquer Maneira
Candeia
De qualquer maneira
Meu amor eu canto
De qualquer maneira
Meu encanto eu vou sambar
Com os olhos rasos d'água
Ou com o sorriso na boca
Com o peito cheio de mágoa
Ou sendo a mágoa tão pouca
Quem é bamba não bambeia
Falo por convicção
Enquanto houver samba na veia
Empunharei meu violão
Sentado em trono de rei
Ou aqui nessa cadeira
Eu já disse eu já falei
Que seja qual for a maneira
Quem é bamba não babeia
Falo por convicção
Enquanto houver samba na veia
Empunharei meu violão
Cordas de Aço
Cartola
Ah! Estas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah! Este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando
Solte o teu tom da madeira
Eu você e a companheira
A madrugada iremos prá casa cantando
Ah! Estas cordas de aço
Este minúsculo braço
Do violão que os dedos meus acariciam
Ah! Este bojo perfeito
Que trago junto ao meu peito
Só você violão
Compreende porque perdi toda alegria
E no entanto meu pinho
Pode crer, eu adivinho
Aquela mulher
Até hoje está nos esperando Solte o teu tom da madeira
Eu você e a companheira
A madrugada iremos pra casa cantando
Violão Amigo
Bide e Marçal
Violão amigo ouve os meus ais
Pois os meus segredos não suporto mais
Talvez tu compreendas que sofri
Quero dizer neste samba tudo que senti
Quem de mim sorriu
Por certo há de chorar
Quando ouvir alguém cantar
Poeta eu fui embora sem querer
Cantei em versos o meu sofrer
Violão amigo eu canto por consolação
Levo essa mágoa comigo no meu coração
Violão...
Meu Violão
Sidney Miller
Meu violão, meu coração que canta
Quanto mal espanta, quanta dor desfaz
Pois faz de conta que me fez contente
Que eu não choro mais
Fala o que sente seja o samba o que ele for
Mas de repente vem falar do meu amor
Pra dar ao samba um tom maior
Pra dar ao verso seu valor
Meu violão num toque tão ligeiro
Chegará primeiro quem melhor cantar
Por um segundo ninguém perde o mundo
Ninguém vai chorar
Virá meu tempo, vou-me embora quando for
Mas fica um samba pra falar do meu amor
Laia laia laia laia lala
Meu Violão já quis fazer feitiço e não pegou
Sem compromisso batucou verdades
Que ninguém falou cantou
E agora insiste no meu samba alegre
No meu choro triste na minha canção
Pra se fazer ouvir
Faz da esperança à melodia
E traz a luz do dia como inspiração
Meu violão, eterno companheiro
Que se fez parceiro na composição
Segue o meu passo que vai no compasso do meu coração
Leva comigo mais um canto, por favor
Que eu tenho tanto que falar do meu amor
Um samba só, por Deus Nosso Senhor
Amanhã Ninguém Sabe
Chico Buarque
Hoje, eu quero
Fazer o meu carnaval
Se o tempo passou, espero
Que ninguém me leve a mal
Mas se o samba quer que eu prossiga
Eu não contrario não
Com o samba eu não compro briga
Do samba eu não abro mão
Amanhã, ninguém sabe
Traga-me um violão
Antes que o amor acabe
Traga-me um violão
Traga-me um violão
Antes que o amor acabe
Hoje, nada
Me cala este violão
Eu faço uma batucada
Eu faço uma evolução
Quero ver a tristeza de parte
Quero ver o samba ferver
No corpo da porta-estandarte
Que o meu violão vai trazer
Amanhã, ninguém sabe
Traga-me uma morena
Antes que o amor acabe
Traga-me uma morena
Traga-me uma morena
Antes que o amor acabe
Hoje, pena seria esperar em vão
Eu já tenho uma morena
Eu já tenho um violão
Se o violão insistir, na certa
A morena ainda vem dançar
A roda fica aberta
E a banda vai passar
Amanhã, ninguém sabe
No peito de um contador
Mais um canto sempre cabe
Eu quero cantar o amor
Eu quero cantar o amor
Antes que o amor acabe