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Zé Tambozeiro | Banho de Fé
Candeia e Vandinho | Arlindo Cruz, Sombrinha e Sereno
Vou chamar Zé Tambozeiro
Pra bater tambor de Angola, olê, lê, lê
Vou chamar seu Zé Tambozeiro
É que o samba chegou agora...
É que o samba chegou agora...
Quem é bamba vai pro samba
É que o samba chegou agora...
E por Deus Nossa Senhora
É que o samba chegou agora
É que o samba chegou agora...
•
Se você é de rodar
Ou se é de bater tambor, faça o favor
Tome um banho de Abô
Um banho de cachoeira
Um banho de cachoeira
Vai levantar
Acaba qualquer canseira
Banho de mar é bom pra descarregar
Mas por favor tome um banho de Abô
Se você é de rodar
Ou se é de bater tambor, faça o favor
Tome um banho de Abô
Vovó Maria me ensinou
Eu aprendi a preparar
Um banho de rosas brancas pra clarear
Vovó Maria me ensinou
Que é muito bom, muito legal
Tomar um banho de ervas
Tomar um banho de sal
Uns tomam banho de lua
Uns tomam banho de sol
Uns tomam banho de chuva
Lá no quintal
Mas pra se ter a certeza
Que um banho só traz axé
Seja banho de cheiro
Banho de arruda, banho de guiné
É pois é
O mais importante é a fé
Mas por favor
Tome um banho de Abô
Que Batuque É Esse?
Moacyr Luz e Sereno
Eu falei pra você que o batuque é esse
No fundo do meu quintal
Eu falei pra você que o batuque é esse
No fundo do meu quintal
Andei a pé na Bahia
Mareei no Maranhão
Benzi filho de Maria
Fiz fogueira em São João
Depois num samba de Roda
Alguém fez recordação
Se o batuque tá na moda
Começou na minha mão
Eu falei pra você que o batuque é esse
No fundo do meu quintal
Ouvi de Jesus Menino
Que folia era de Reis
São Jorge desceu Quintino
E pediu a sua vez
Quando a vida de acomoda
Eu me lembro do dragão
Se o Batuque está na moda
Começou na minha mão
Eu falei pra você que o batuque é esse
No fundo do meu quintal
Por volta do meio-dia
Troquei pele do pandeiro
Conselho da minha tia
Cuida bem do teu terreiro
Vê se tem roupa na corda
Deixa o céu tocar no chão
Se o batuque está na moda
Começou na minha mão
Eu falei pra você que o batuque é esse
No fundo do meu quintal
O X do Problema
Noel Rosa
Nasci no Estácio
Eu fui educada na roda de bamba
Eu fui diplomada na escola de samba
Sou independente, conforme se vê
Nasci no Estácio
O samba é a corda e eu sou a caçamba
E não acredito que haja muamba
Que possa fazer gostar de você
Eu sou diretora da escola do Estácio de Sá
E felicidade maior neste mundo não há
Já fui convidada para ser estrela do nosso cinema
Ser estrela é bem fácil
Sair do Estácio é que é o X do problema
Você tem vontade
Que eu abandone o largo de Estácio
Pra ser a rainha de um grande palácio
E dar um banquete uma vez por semana
Nasci no Estácio
Não posso mudar minha massa de sangue
Você pode ver que palmeira do mangue
Não vive na areia de Copacabana
Apito no Samba
Luiz Bandeira
Se você num samba de gente bem
Não vai encontrar ninguém
Apitando um apito no samba
É porque o samba que vai nascer
Só vai mesmo acontecer
Quando houver um apito no samba
Venha ver isquindô-isquindô no terreiro
Pra saber o que é isquindô verdadeiro
E então, você me dará razão
Chegando a esta conclusão
Que é preciso um apito no samba
Que bonito é o tamborim a batucar
Que bonito é o corpo de mulher sambar
Suas saias vão correndo pelo chão
Seus pés que dão o ritmo que nasce,
Cresce, vibra
Viva o apito no samba!
O Meu Amor (com Ana Costa)
Chico Buarque
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita
O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa
Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
Apoteose
Jamelão
Samba quando vens aos meus ouvidos
Embriaga os meus sentidos
Trazes inspiração
A dolência que possuis na estrutura
É uma sedução
Vai alegrar o coração daquela criatura
Que com certeza está sofrendo de paixão
Samba, soprado por muitos ares
Atravessastes os sete mares
Com evolução
O teu ritmo que te torna ainda mais ardente
Quando vem da alma de nossa gente
Eu quero que seja sempre meu amigo leal
Não me abandones não
Vejo em ti o lenitivo ideal
Em todos os momentos de aflição
És meu companheiro inseparável de tradição
Devo-lhe toda a gratidão
Samba, eu confesso é da minha alegria
Eu canto para esquecer a nostalgia
Obaxirê
Toninho Geraes e Roque Ferreira
Obaxirê
Mãe senhora de Orunayê
Obaxirê
Motumbá Obá
Obaxirê
Terreiro de chão batido
É Cantuá, Arerê
Tristeza de amor perdido
Morre no mel do erê
Água de Obá é doce
Brilho de sol sem fim
Tambor de minas já trouxe
Um novo amor pra mim
Obaxirê
Mãe senhora de Orunayê
Obaxirê
Motumbá Obá
Obaxirê
Axé na casa de santo
Pra quem é de azuelar
É de muzemza meu canto
Meu ori é de Obá
Encantaria de Mina
Mandei Chico Recuriá
Capoeiragem ensina
O teu jogo é de ganhar
Cheiro de Saudade
Sereno e Mauro Diniz
Vem
Com cheiro de saudade, vem
Pra mim
Com teu cheiro de amor
Trazendo nos teus olhos
Um desejo
Na boca a doçura de um beijo
Vem me apertar nos teus braços
Envenenar meu sangue
Hoje eu quero é mais morrer de amor
Vem
Com cheiro de saudade, vem
Pra mim
Com cheiro de saudade, vem
Pra mim
Com teu cheiro de amor
Trazendo nos teus olhos
Um desejo
Na boca a doçura de um beijo
Vem me apertar nos teus braços
Envenenar meu sangue
Hoje eu quero é mais morrer de amor
Vou me entregar
E sentir o ar
Feito a leveza das plumas
Qual um jardim onde o beija-flor
Seja o perfume das flores
Entre sussurros de amor, ah!
Vem meu coração
Sente o delírio dessa paixão
Então vem, meu coração
Sente o delírio dessa paixão
Vem
Com cheiro de saudade, vem…
Velha Dor da Madrugada
Arlindo Cruz, Acyr Marques e Franco
Solidão
De braços dados com a tristeza
Veio sentar à minha mesa
Encheu meu copo de saudade
Solidão
Tirou o gosto da alegria
Molhou meu rosto que sorria
Feriu meu peito, que maldade!
Solidão
É a velha dor da madrugada
Mais um amor que deu em nada
Mais um delírio da paixão, é!
Solidão
É bom parar com a brincadeira
Deixa que eu pago a saideira
Quero abrir em paz meu coração
Adeus solidão
Eu não vou mais chorar
Nunca é tarde pra recomeçar
Adeus solidão
Seja lá como for
Mas eu quero outra dose de amor
Sonhava
Riko Doriléo e Luiz Carlos da Vila
Eu sonhava que você ia chegar
Preparava com amor todo um luar
Com o meu pandeiro eu ia por aí
Seu João da venda falou
Um homem feliz por mim aqui passou
Sonhava… Sonhava…
A dona da casa com jardim
Sorrindo flores para mim
Belo buquê de paz
E eu batucava
As batidas dentro do meu coração
Felicidade era o tom geral
Um canto de Natal
Um brinde à natureza
Pela cidade eu fui de lar em bar
Tentando conservar
Do amor a chama acesa
Sonhava… Sonhava…
Mãos (com Almir Guineto)
Almir Guineto
Mãos, se rendem
Pra outras que tudo levam
Quase em extinção
Mãos honestas, amorosas
Em nossas pobres mãos
Que batem as cordas
Pago pra ver
Quei...mar em brasa
As mãos de bacharéis
Que não condenam o mal
Que inocentam reús
Em troca do vil metal
As mãos de bacharéis
Que não condenam o mal
Que inocentam reús
Em troca do vil metal
Mãos de infiéis
Revés que não contentam
Movendo a diretriz tão fraudulenta
Sem réu e sem juiz
Mãos não se acorrentam
Justiça põe as mãos na consciência
Ato que fez Pilatos
Lavando suas mãos
É o mesmo que injustiça
feita com as próprias mãos
As mãos que fracassaram
Na torre de Babel
Porque desafiaram
As mãos do céu
Na Hora de Voltar
Adilson Gavião e Adalto Magalha
Quando a saudade traz uma canção,
Aumenta mais a solidão,
À noite a luz ajuda só recordação
Faz despertar uma ilusão
Eu lutei pra esquecer não consegui
Pra esse amor me dei demais, eu me perdi
Vem iluminar a minha escuridão
Fazer feliz meu coração
Ai de mim, se não tivesse o samba pra me distrair,
O samba é o amigo que me faz sorrir
Depois que o nosso amor se acabou
Tem nada não
Quem ama sempre espera ver o sol brilhar
Pra ver que a tempestade do pranto passou
E faz a festa amor na hora de voltar
Pedaço de Ilusão
Jorge Aragão, Sombrinha e Jotabê
Ai desse amor que é só meu
Nem a lua no céu, há de me ver sorrir
Se der pra dividir, deixa um pouco
Pra mim
Que eu nunca mais direi, que vida
Quis assim
Que eu nunca mais direi, que vida
Quis assim
Ai desse amor que é só meu
Nem a lua no céu, há de me ver sorrir
Se der pra dividir, deixa um pouco
Pra mim
Que eu nunca mais direi, que a vida
Quis assim
E juro que vou guardar, dentro do
Coração
Os segredos da paixão
Basta um sorriso ou um aceno
Um abraço e teu veneno
Meu pedaço de ilusão
Nem vou me desesperar
Se você vem de lá, maltratando
Pela dor
Venha, meu pecado pouco
Importa
Que mais o teu calor
Vem, amor
Vivência no Morro
Monarco
Vou contar pra vocês
Minha vivência no morro
Já morei na favela
Morei no Salgueiro
E lá no Preto Forro
Lá no Morro do Pinto
Confesso não minto
Também fui feliz
Me mudei pra Mangueira
Fui pra Cachoeira
Depois fui morar na Matriz
Agora eu falo da minha infância querida
Saudade do meu Cavalcanti
Meus primeiros passos na vida
Foi bela minha trajetória
Saudade do meu Tuiuti
Minha presença é notória no Andaraí
Relembrando a planície
Já morei na Portela
Conheci Doralice, Niete, Eunice
Nozinho e Norela
Minha Nova Iguaçu
De Loloti e Bilu
Circulei pelas áreas da ruas brejeiras de Cabuçu
E aos velhos amigos
Um abraço de fé
Se sentirem saudade
Me procurem lá no Jacaré
Fidelidade Partidária
Nei Lopes e Wilson Moreira
Minha tia-avó Rosária, partideira centenária,
Perguntou pra mim: "Minha neta, o que é fidelidade partidária?"
Pergunta assim tão sumária
Tem que ter a necessária resposta
E eu respondo certo o que é fidelidade partidária
Por verde-amarelo na indumentaria
Feijão com arroz na sua culinária
Ajudar quem tem situação precária
Não fazer acordo com a parte
Nem demagogia com a classe operária
Gritar que tem gringo pintando na área
Gostar de partido igual tia Rosália…
Isso é fidelidade partidária
Rejeitar propina na conta bancária
Não ter filial nem subsidiária
Amar a patroa mais que a secretária
Só fazer amor na sua faixa etária
Mas dar uma força pra suas celibatárias
Que tenham bons dentes na arcada dentária
Gostar de partido igual tia Rosália…
Isso é fidelidade partidária
A Padroeira (com Beth Carvalho)
Rachado e Vaguinho
Que santa é aquela que fica no alto
Da pedra tem a capela,
É lindo o visual mas quem tem fé,
Sobe na igreja por mais alto que seja
De joelho ou de pé
Santa Penha padroeira
No alto da pedreira
Santa Penha padroeira
No alto da pedreira
Santa Penha padroeira
Em cima da pedreira, nos abençoando
O povo subindo, pagando promessa
Lá no alto da colina
Ilumina o subúrbio da Leopoldina
Ilumina o subúrbio da Leopoldina
O Sonho Não Se Acabou (com Luiz Carlos da Vila)
Luiz Carlos da Vila e Adilson Victor
A chama não se apagou
Nem se apagará
És luz de eterno fulgor
Candeia
O tempo que o samba viver
O sonho não vai acabar
E ninguém irá esquecer
Candeia
Todo tempo que o céu
Abrigar o encanto de uma lua cheia
E o pescador afirmar
Que ouviu o cantar da sereia
E as fortes ondas do mar
Sorrindo brincar com a areia
A chama não vai se apagar
Candeia
Onde houver uma crença
Uma gota de fé
Uma roda, uma aldeia
Um sorriso, um olhar
Que é um poema de fé
Sangue a correr nas veias
Um cantar à vontade
Outras coisas que a liberdade semeia
O sonho não vai acabar
Candeia
Pagode da Dona Ivone (com Mauro Diniz)
Roque Ferreira e Mauro Diniz
Dona Ivone me convidou
Prum samba lá na Serrinha
Dona Ivone me convidou
Prum samba lá na Serrinha
Diga pra ela que eu vou
Diga pra ela que eu vou lá
No samba de Dona Ivone
Não sou eu quem vai faltar
Vai ter cerveja gelada
Chouriço com carne assada
E uma suculenta feijoada,
Meu irmão
Eu falo de coração
E juro que mudo meu nome
Se eu não for nesse pagode
Da Dona Ivone
Eu quero ouvir
Na mais linda melodia
A mais rica poesia
Sua voz em harmonia ecoar
E nesse enredo
Que vem lá de Madureira
Lembra Silas de Oliveira
Ver o Morro da Serrinha cantar
Eu falo de coração
E juro que mudo meu nome
Se eu não for nesse pagode
Da Dona Ivone
Lindo Passado de Glória (com Mauro Diniz)
Mauro Diniz
Eu vou pra minha Portela sambar,
Cantar os sambas de terreiro que aprendi por lá
Lindo passado de glória
Sambas que ficaram na memória,
Pega esse lenço e não chora
Disse um portelense de outrora,
Frases de um poeta que todos devem lembrar
Se eu for falar da Portela eu não vou terminar
Sua trajetória é linda, sem igual
21 vezes campeã do Carnaval
É respeitada na cidade
Pioneira em novidades
Na mais linda aquarela
Salve Paulo da Portela,
Que glorificou o nosso pavilhão
Dando elegância ao sambista,
E vestiu de azul e branco o meu coração
Suburbanistas (com Mauro Diniz e Luiz Carlos da Vila)
Dorina, Luiz Carlos da Vila e Mauro Diniz
A gente é do subúrbio com muito orgulho e vive feliz
Pra dizer a verdade com fidelidade a nossa raiz
Na herança dos nossos quintais
No embalo de mil carnavais
E tem a Velha Guarda a grande Guardiã dos nosso ideais
Sou Bohêmio, sou lá do Irajá
Sou da Vila da Penha, meu Bem
Eu sou de Oswaldo Cruz o Bairro que não deve nada a ninguém
Sou artista um suburbanistas de sonho e de alma
No pé e na palma
Em todo coração
Com seu jeito malandro, maneiro é mão caridosa
Bom de verso e de prosa
Causa boa impressão,
No embalo na ginga nos modos
Protege São Jorge e São Sebastião
Tem ponto de vista o Suburbanista tem o pé no chão
Estrela de Madureira
Acyr Pimentel e Cardoso
Brilhando num imenso cenário
Num turbilhão de luz, de luz
Surge a imagem daquela
Que o meu samba traduz
Ah...
Estrela vai brilhando
Mil paetês salpicando
O chão de poesia
A vedete principal
Do subúrbio da central foi a pioneira
E...
Um trem de luxo parte
Para exaltar a sua arte
Que encantou Madureira
Mesmo com o palco apagado
Apoteose é o infinito
Continua estrela
Brilhando no céu
Dona Maria do Babado
Darcy Maravilha, Hilcemara e Rodrigo Rosado
Eu sou Dona Marida do Babado
Eu não quero ver ninguém parado
(é do babado, é do babado)
Faço samba no pé eu sou faceira
Não tô de brincadeira
Canto samba de roda a noite inteira
Quando eu chego no pedaço
Eu levanto a poeira
O meu samba é de primeira
Eu não marco bobeira
E você que tá sambando e não deixa cair
Bate, bate, bate palma aí
Bate palma, bate palma
Bate palma aí
Bate palma, bate palma
Quero ver você se divertir
Bate palma, bate palma
Bate palma aí
Bate palma, bate palma
Quero ver você se divertir
Foi numa casa de samba
Terreno de bamba que eu me criei
Pandeiro, cavaco e viola
Fazendo pagode cantei e dancei
O samba de roda é maneiro
Fazendo batuque na palma da mão
É mistura brasileira
Eu canto com raça, amor e paixão